Microsoft Word - Document1219/7/2010

ETIQUETA

PARA SE LIVRAR DA SAIA JUSTA

Como sair de determinadas situações sem morrer de vergonha? Especialistas ensinam a lidar com constrangimentos

Na hora de cobrar uma dívida de um amigo, quando seu filho diz uma inconveniência na frente da vizinha, quando o chato do trabalho força a amizade para ser adicionado no seu Facebook. Essas e outras situações provocam uma irremediável vontade de sumir do mapa. Mas a verdade é que não adianta fugir. Cedo ou tarde, você vai precisar exercitar o jogo de cintura e encarar os fatos.

A má notícia é que não existem regras prontas para se dar bem em ocasiões constrangedoras. Tudo vai depender da sua habilidade e do bom humor das partes envolvidas. A boa – sim, ela existe – é que algumas dicas ajudam a amenizar o desconforto causado pelas gafes. Especialistas em etiqueta, analisaram algumas situações embaraçosas.

CAROLINA SAMORANO | Especial para o Correio Braziliense

COMO DIZER QUE A FESTA ACABOU

Se você é do tipo que adora receber amigos e familiares em casa, essa dica pode ser preciosa. Quando a festa é boa, é normal que os convidados fiquem tão à vontade que se esqueçam do tempo. Mas tem uma hora em que o anfitrião, compreensivelmente, deseja se recolher. Para esses casos, existem maneiras educadas de despachar a patota. Segundo a consultora em etiqueta Agni Melo, é preciso que os convidados entendam o ritmo do evento. Se for um jantar, por exemplo, sirva as entradas, depois o prato principal e, em seguida, a sobremesa. Neste momento, servir um digestivo, como um café ou um licor, indica que o encontro se aproxima do fim. Para Cláudia Matarazzo, autora dos livros “Etiqueta sem Frescura” e “Negócios, Negócios, Etiqueta faz Parte”, há formas discretas de sinalizar o término da atividade. Pode-se, por exemplo, desligar o som. “Ou então você pode sugerir um último cafezinho – e já fica subentendido que é o último.”

COBRAR UMA DÍVIDA DE UMA PESSOA PRÓXIMA

Essa é clássica. Se você empresta um dinheiro a um amigo e ele não lhe paga, o que fazer? Cobrar pode pôr a perder anos de relacionamento. Ao mesmo tempo, se você emprestou, tem todo o direito de reaver a quantia. “É uma das situações mais complicadas”, admite Cláudia Matarazzo. Na opinião da especialista, se o devedor está passando por notórias dificuldades e o dinheiro não está fazendo falta para você, talvez seja melhor perdoar a dívida. “Mas se você notar que a pessoa está protelando o pagamento, pode perguntar delicadamente quando ela está planejando te pagar e dizer que está precisando do dinheiro”, diz Cláudia. Para Agni Melo, estabelecer de cara uma data para a devolução é razoável. Se preferir não passar pelo constrangimento de cobrar, pode oferecer parte do empréstimo como um presente. “Assim, você fica livre da obrigação da cobrança e ainda ajuda alguém de sua estima”, completa a consultora.

LIVRAR-SE DE UMA VISITA INDESEJADA

Imagine a seguinte situação: você marcou um compromisso e já está de saída, quase atrasada. Então, chega aquela vizinha que se sente íntima e na verdade não é. Antes que você diga qualquer coisa, ela ataca: “Posso entrar?” Você quer dizer “lógico que não”, mas fica com medo de ser indelicada. “A dica é não deixar a pessoa ‘ir entrando’”, ensina Agni Melo. “Diga que adoraria poder convidá-la para entrar e tomar um café numa outra hora, mas que, infelizmente, está de saída e atrasada.” Até vale deixar a pessoa entrar, mas, quando der a sua hora, não titubeie. Pegue a bolsa, diga que precisa ir e saia com a visita, dizendo que continuam a conversa em outro momento. E se a visita for aquele parente que veio para o fim de semana e acabou ficando a semana inteira? “Nesses casos, diga que você não tinha se planejado para recebê-lo por tanto tempo e que, infelizmente, não pode abrigá-lo por mais dias”, sugere Cláudia Matarazzo. Para Agni Melo, o melhor é acordar previamente o tempo da estada. “Diga que precisa se planejar para recebê-lo melhor e que quer saber quando ele chega e que dia pretende ir embora. Se ele extrapolar o combinado, tudo bem você dizer que tem outros planos para os próximos dias, já que a visita, em princípio, seria mais curta. Não é falta de educação”, garante.

SE O FILHO SOLTA UMA PÉROLA

Crianças – todas elas – passam por aquela fase terrível de repetir por aí o que escutam dos adultos. Nessas ocasiões, quem acaba passando vergonha são os pais. Segundo os especialistas, não precisa ficar se remoendo quando o filho faz um comentário sobre a vizinha no elevador. “Criança é assim mesmo, todo mundo sabe. Não precisa se culpar pela gafe dela. Nessas horas, o bom humor é a melhor saída”, garante Agni Melo. Dê risada, faça um comentário engraçado e leve na esportiva. Mas, se a criança tiver sido maldosa ou malcriada, é melhor repreender a atitude e pedir desculpas. A consultora Cláudia Matarazzo concorda. “Existem casos e casos. Se der para contornar com uma frase engraçada, melhor. Se não, passe por cima ou finja que não ouviu – mas isso depende do que a criança disse e da reação das pessoas envolvidas.”

DIZER NÃO A UM AMIGO

Quem nunca fez um favor torcendo o nariz só para manter a boa convivência? Para Agni Melo e Cláudia Matarazzo, tudo bem negar favores e pedidos se você não se sente à vontade em fazê-los. É a mesma história do empréstimo de dinheiro: só diga sim se realmente quiser ou se não for incômodo. “Se eu tenho uma conduta que não corresponde ao favor pedido, tenho que falar um não redondo e pontual”, acredita Agni. “Se ficar fazendo favores por fazer, é você quem vai querer se afastar da pessoa. Melhor ficar com a relação no vermelho agora do que no amarelo para sempre.”

PEDIR AUMENTO PARA O CHEFE

Faz anos que você espera ansiosamente o anúncio de um aumento salarial. Entra ano, sai ano e a notícia não vem. Será que é hora de chamar o chefe para um tête-à-tête? Existem maneiras de saber qual é o melhor momento de se fazer isso e evitar constrangimentos. Conforme Margareth Bianchini, consultora de etiqueta corporativa e especialista em comportamento, ter muitos anos de casa, por exemplo, não é justificativa.

“O ideal é que se tenham argumentos convincentes, como a geração de resultados para a empresa ou um salário abaixo do mercado”, diz. Além disso, saber se a corporação atravessa ou não um bom momento ajuda. Dificilmente você vai conseguir algo se o balanço da empresa não estiver positivo. Outra dica é se informar sobre a cultura do lugar. Algumas empresas trabalham com planos de carreira e, nesses casos, a promoção tem regras claras.

Se você trabalha num lugar informal, em que saídas para um happy hour com o chefe são comuns, esqueça o assunto na mesa de bar. Deixe-o para o escritório, com hora marcada e toda a seriedade que merece. “Tratar o tema com profissionalismo é um sinal de que você é funcionário que merece ser respeitado”, explica Margareth. E isso exclui indiretas ou piadinhas.

Para Cláudia Matarazzo, além da formalidade, preste atenção ao humor do seu chefe. Se você pegá-lo para conversar sobre o assunto depois de uma reunião estressante, as chances de obter sucesso diminuem. Uma gafe grave nessas horas é usar justificativas pessoais. “Nada de dizer que a situação em casa está apertada, que você tem filhos para criar ou que precisa quitar dívidas. Na empresa, isso não é justificativa”, avisa.

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